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Competição e aposentadoria pioram futuro, prevê analista

Para o norte-americano Robert Shapiro, globalização favorece desigualdade

O mundo será um lugar bem pior para viver daqui a 10 ou 20 anos. Será pior para 80% da população, de países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento, a excluída da economia, da informação e de empresas globais.

O diagnóstico é de Robert Shapiro em “A Previsão do Futuro”. O autor foi subsecretário (1997-2001) de Comércio de Bill Clinton. Doutorou-se em Harvard. Dirige uma consultoria, além de instituições que tratam de clima, globalização e uma dedicada a cobrar a dívida argentina.

Segundo Shapiro, nos próximos anos três ondas de choque irresistíveis vão conformar a vida de países, empresas e pessoas. Essas forças foram liberadas pela globalização, pelo envelhecimento da população e pela ruína soviética.

Um efeito principal da globalização é a transferência de fábricas e empregos de países ricos para aqueles em desenvolvimento. O resultado, já visível, é mais desigualdade, menos trabalho e arrocho progressivo dos salários no mundo rico, mesmo que seu PIB cresça.

CARO PARA TODOS

A população idosa aumentará como nunca em países avançados. Menos gente produzirá, haverá mais aposentados e idosos a reclamar serviços de saúde cada vez mais caros.

Os impostos e/ou a dívida de governos subirão a fim de pagar tal conta, o que reduzirá ainda mais o crescimento e os benefícios sociais para aqueles em idade ativa.

A queda do império soviético entra um pouco como Pilatos no Credo: favoreceu a globalização do capital e animou os reformistas de mercado da China, além de deixar os EUA na posição de única superpotência.

A China conduzirá o mundo com os EUA, mas de modo subordinado. Será a grande vencedora até 2020, em especial devido a seu governo audacioso e ditatorial. Europa e Japão, encrencados pela democracia, avessos a reformas de mercado e tradicionalistas, declinarão.

A energia será cada vez mais cara. Para piorar, o petróleo está em países conturbados ou sujeitos a revoluções fundamentalistas, como a Arábia Saudita. O terrorismo é ameaça, embora não se torne perigo central até que tome conta de um país nuclear, como o Paquistão.

Talvez a nanotecnologia e a biotecnologia tenham respostas para as crises de energia e da saúde. Mas o futuro da ciência é imprevisível.

O Brasil é citado meia dúzia de vezes. Pode progredir, pois não rejeita a globalização e elegeu o centrista (sic) Lula. Avançará se desregulamentar mais seu mercado e abraçar inovações técnicas e administrativas ofertadas pelo Ocidente – aliás, a receita geral e paliativa do livro.

Shapiro cometeu a imprudência de publicar seu livro (nos EUA) antes do colapso de 2008. Seus elogios a vários países “cases” de sucesso foram desmoralizados pela crise.

Para quem quer um resumão detalhado de problemas atuais, Shapiro pode ser útil, apesar do molho liberaloide e do ritmo desembestado, “PowerPoint”, de apresentação de ideias e dados.

A PREVISÃO DO FUTURO
AUTOR Robert J. Shapiro
TRADUÇÃO Mario Pina
EDITORA BestBusiness
QUANTO R$ 64,90 (518 págs.)

Publicada em 20/09/2010 13:45:10

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