Com o investimento de R$ 110 milhões, o governo do Estado do Rio de Janeiro planeja reformular totalmente o sistema de bondes do bairro de Santa Teresa até o primeiro semestre de 2014. Primeiro passo da reforma, a licitação para a compra de 14 novos bondes será lançada na segunda-feira.
A reformulação do sistema inclui a reativação da linha que liga Santa Teresa à Lapa e da integração do sistema de bondes com o trem que sobe ao Corcovado na estação Silvestre, um acréscimo de 3,3 quilômetros de trilhos aos atuais 7,2 quilômetros que compões o sistema.
A reestruturação prevê a troca total dos 10,5 quilômetros de trilhos por trilhos bilabiados, mais adequados à circulação de bondes por reduzirem o ruído e a trepidação do veículo, aumentando a segurança. Além disso, haverá a substituição dos dormentes de madeira por lajes de concreto, reforma dos 28,6 quilômetros da rede de cabos aéreos, troca dos atuais 39 postes de energia que sustentam a rede e o acréscimo de 39 postes novos.
Será feita ainda a reforma de todas as estações que compõem o sistema de bondes, da subestação elétrica que fornece energia à rede de cabos aéreos e da oficina de manutenção dos veículos. Está prevista também a construção de um centro de controle do sistema de bondes que vai monitorar os veículos através de câmeras instaladas no interior dos novos carros e por sistema de GPS.
Segundo o secretário da Casa Civil do Estado, Régis Fichtner, o edital de licitação para a reforma da rede de cabos, dos trilhos e da subestação de energia será o segundo a ser lançado, na primeira quinzena de março.
Na segunda quinzena de março será lançado o edital de licitação para a reforma da oficina e das estações dos bondes. E no primeiro semestre de 2013 será a vez do edital de licitação da construção do centro de controle.
De acordo com o secretário, ainda não há uma decisão quanto ao preço da passagem dos novos bondes ou sobre a possibilidade de turistas e moradores pagarem preços diferentes. “Esse é o tipo do sistema de transporte que precisa ser subsidiado pelo governo”, afirma Fichtner. “A passagem não remunera a manutenção do sistema”, complementa.
O projeto dos novos carros prevê veículos com a lateral fechada para dar maior segurança aos passageiros. Os veículos de 24 assentos terão ainda estribos retráteis e balaústres apenas nas extremidades para entrada e saída de passageiros. As medidas pretendem evitar que passageiros viajem em pé e pendurados nas laterais, o que, segundo o presidente da Companhia Estadual de Engenharia de Transporte e Logistica (Central), Eduardo Macedo, é a causa de 75% dos acidentes nos bondinhos.
De acordo com Macedo, as obras para a implementação dos novos trilhos e sistema aéreo devem levar entre um ano e um ano e meio.
Macedo afirma que “é inevitável” que as obras tragam transtornos aos moradores, mas o governo vê esse momento como “uma grande oportunidade para rever a infraestrutura [do bairro] de Santa Teresa” e mantém conversas com a prefeitura, a Companhia Estadual e Águas e Esgoto (Cedae) e a CEG para trabalhar em parceria na reforma dos sistemas de drenagem, esgoto e fornecimento de energia e gás.
A primeira linha de bondes em Santa Teresa foi inaugurada em 1896 e fazia parte de um sistema de transporte sobre trilhos que atendia boa parte da cidade. A partir de 1968 o sistema foi desativado e apenas os bondinhos de Santa Teresa continuaram circulando no Rio de Janeiro.
Após o acidente de 27 de agosto do ano passado, quando morreram cinco pessoas e outras 57 ficaram feridas, o sistema de bondes de Santa Teresa foi paralisado. Antes do acidente, apenas quatro bondes ainda circulavam pelo bairro. À época, moradores do bairro protestaram contra o governo de Sergio Cabral (PMDB) e chegaram a pedir a saída do secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes. Eles demandavam um controle comunitário dos bondinhos. Na ocasião, o governador prometeu que até 2013 um novo sistema passaria a operar em Santa Teresa, mas a promessa não será cumprida no prazo.
Publicada em 12/02/2012 11:17:28