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O potencial dos microsseguros

Embora ainda não regulamentada pelo governo brasileiro, modalidade já desperta interesse e é sucesso em outros países emergentes, como a India.

O governo ainda não achou uma fórmula para reduzir impostos e colocar em prática a comercialização do microsseguro no Brasil. Mas a discussão sobre essa modalidade para pessoas de baixa renda já chegou às universidades e centros de pesquisa. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) é uma das maiores defensoras do microsseguro por acreditar que esse tipo de operação inclui proteção e inclusão social.

Em 2009, a estimativa do superintendente da Susep, Armando Vergílio, era que a modalidade – em discussão desde 2003 – estivesse regulamentada até abril deste ano. Não aconteceu e não há previsão para que o Ministério da Fazenda analise os aspectos tributários da questão. Só depois disso, a proposta de regulação será enviada ao presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

O microsseguro é uma modalidade especial de seguros de acidentes pessoais, auxílio funeral, prestamista, de vida e saúde para populações pobres. Os preços de cobrança estimados para o Brasil variam entre R$ 5 e R$ 10 mensais.

Na Índia, país no qual o produto foi criado há três anos, cerca de 3 milhões de pessoas têm o microsseguro de vida. O valor de cobertura para o segurado é menor que nos tradicionais, próximo a US$ 15 mil para casos de morte. Porém, o prêmio (pagamento pelo serviço) também é baixo, não ultrapassa US$ 20 por ano.

“É um produto diferente, para pessoas sem instrução, sem conta bancária, analfabetas e, muitas vezes, sem documentos. Criamos produtos simples na Índia para atender esse público, mas isso só foi possível com a regulamentação, que nos permitiu uma apólice sem as exigências tradicionais”, diz o country manager (profissional que representa a empresa fora do país de origem, respondendo por todas as operações realizadas na filial) da Allianz indiana, Kamesh Goyal.

“É um produto diferente, para pessoas sem instrução, sem conta bancária, analfabetas e, muitas vezes, sem documentos” Kamesh Goyal

Desafios – Segundo ele, o maior desafio para colocar em prática esse serviço – provavelmente a ser encontrado também por empresas brasileiras na ocasião da oferta – é a distribuição para localidades afastadas. A figura tradicional do corretor não serve, é preciso chegar a líderes comunitários ou figuras semelhantes que possam apresentar o produto à população.

“Outro problema é a desconfiança de quem nunca usou seguro de que o ressarcimento será realmente feito em caso de necessidade”, diz Goyal.

O preço, por menor que seja, também é um impeditivo para expansão do microsseguro, porque o público a ele destinado trabalha com a renda bastante apertada, na maior parte das vezes, insuficiente. Pesquisa do Instituto Datafolha sobre o assunto, em julho do ano passado, revela que as famílias brasileiras desejam os produtos de microsseguros, mas o acham caro (veja tabelas). O levantamento foi encomendado pela Comissão Consultiva de Microsseguro, que tem representantes do governo, entidades, empresas do setor e acadêmicos.

Publicada em 01/07/2010 09:13:26

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