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Mulheres preparam aposentadoria mais cedo

Homens começam previdência 3 anos depois, em média. Diferença pode significar reserva 23% maior para elas

A advogada Renata Souza da Mata, de 30 anos, começou a fazer um plano de previdência privada há cinco anos, aos 25, ao fazer a comparação com o INSS. O marido começou na mesma época, a diferença é que ele, apesar de ser analista financeiro e entendido do assunto, já tinha 30. A situação ilustra bem uma pesquisa recente da seguradora Icatu Hartford, que mostra que elas, ainda grandes responsáveis por controlar o orçamento da casa, fazem planos de previdência, em média, três anos antes dos homens.

Enquanto eles aderem a planos de renda fixa (fundos que compram títulos públicos atrelados à taxa básica de juros, Selic, hoje em 8,75% ao ano) com média de idade de 33 anos, as mulheres que ingressam nos mesmos planos têm, em média, 30. Nos planos com alguma parcela em renda variável (ações de empresas), a diferença de idade é semelhante.

Mas tanto homens quanto mulheres aderem a estes fundos em idades mais avançadas, mostrando vontade de se arriscar mais, por terem começado mais tarde. Enquanto os homens confiam suas aposentadorias a essas carteiras com 36 anos, em média, as mulheres, mesmo menos afeitas às oscilações da Bolsa, têm aderido ao mesmo tipo de plano com cerca de 34.

A pesquisa foi realizada pela Icatu com sua base de clientes novos nos quatro primeiros meses deste ano e dos dois anteriores, totalizando 12 mil perfis analisados, mostrando sempre o mesmo cenário de diferença de idade a favor das mulheres.

É recomendável começar quando se entra no mercado O acupunturista Leonardo Luís Guimarães Rodrigues, de 38 anos, começou sua previdência três anos atrás. E optou pela modalidade mais arriscada disponível (e permitida pela legislação), com 49% do patrimônio em ações de empresas.

– Optei pelo mais agressivo, pois a hora de arriscar é agora.

Quando chegar aos 55, pretendo migrar para um fundo de renda fixa, mas há bastante tempo pela frente – diz ele, que, apesar das perdas recentes da Bolsa, ainda comemora uma rentabilidade superior ao dos fundos de renda fixa nestes três anos.

O caso dele é típico: de acordo com a pesquisa, os homens, mesmo começando mais tarde a poupar, ainda se arriscam mais. Enquanto 44% deles aderem a planos com alguma parcela em ações, 41% das mulheres têm o mesmo perfil.

Não é novidade que as mulheres costumam ser mais prevenidas. Até as seguradoras de automóveis cobram menos pela apólice do público feminino, como lembra Aura Rebelo, diretora de marketing da Icatu Hartford: – De maneira geral, os homens são mais arrojados do que as mulheres, é cultural.

Mas, quanto antes você começa a fazer uma previdência, mais cedo chega a uma renda confortável para a aposentadoria.

Segundo a seguradora, começar três anos antes um plano pode resultar em uma reserva 23% superior a elas quando chegarem à mesma idade. Ou permitir que elas se aposentem mais cedo. Considerando contribuições de R$ 400 ao mês e uma rentabilidade real de 6% ao ano em uma previdência de renda fixa, as mulheres que entraram em um plano com 29 anos e pretendem se aposentar aos 60 anos, terão uma reserva de R$ 420 mil quando chegarem a esta idade.

Já os homens, aderindo à aposentadoria privada com 32 anos, terão acumulado R$ 340 mil na mesma idade. Da mesma forma, quem quer acumular R$ 500 mil em 30 anos precisa fazer aportes mensais de R$ 510,59. Mas quem atrasa em dez anos os planos já precisa desembolsar mais do que o dobro por mês: R$ 1.097,34.

Por isso, segundo especialistas, o ideal é começar a fazer uma previdência privada assim que entrar no mercado de trabalho. E se o salário permitir, claro.

– A idade para começar o plano depende da expectativa de aposentadoria. Mesmo que se comece com R$ 100, é importante ir formando esse patrimônio – ensina Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec.

Para ele, o fato de receber uma cobrança mensal dos planos de previdência ajuda as pessoas a criarem e manterem a disciplina de fazer aportes regulares, diferente de uma aplicação comum.

Semelhante aos fundos de investimento, o patrimônio dos fundos de previdência é separado dos das instituições que os administram, não correndo o risco de bancos e seguradoras.

Mas o maior apelo da previdência privada ainda é não depender do governo.

– No INSS, se você deixa de contribuir um tempo, perde o que pagou no passado. Com R$ 100 em um plano de previdência privada, eu ia receber o teto que o INSS paga, sendo que no INSS eu teria que colocar R$ 500 para receber o mesmo valor por mês – diz a advogada Renata.

Publicada em 17/08/2009 16:26:38

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