A propósito da notícia veiculada, no último dia 07, pelo jornal O Globo sobre a rentabilidade dos investimentos dos Fundos de Pensão, no decorrer de 2013, a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar – ABRAPP encaminhou aquele jornal os seguintes esclarecimentos:
RESPOSTA AO JORNAL
08/07/2014
Reproduzimos em seguida correspondência que o Presidente José Ribeiro Pena Neto envia hoje ao jornal O Globo : “Em nome de um sistema que depende da confiança que inspira em seus participantes, por uma relação fundada na credibilidade que perdura por décadas, escrevemos ao prezado jornalista movidos pela preocupação com os efeitos da matéria publicada por seu jornal sob o título “Fundos de Pensão só atingem 17% da meta” (edição de ontem, 7 de julho).
É equivocado o entendimento expresso na matéria porque os fundos de pensão, independentemente da natureza de suas patrocinadoras, se estatais ou privadas, foram especialmente no ano passado atingidos por uma inflexão dos mercados, algo que afetou investidores dos mais variados. Há muito a renda fixa não sofria com uma tal variação das taxas, caracterizando uma volatilidade que atingiu o mercado de maneira geral.
Percebe-se assim que há uma causa conjuntural, como motivo primeiro das dificuldades enfrentadas pelos fundos de pensão. E circunstâncias adversas podem atingir qualquer gestor, inclusive o mais qualificado.
Tendo causa conjuntural, resultados desfavoráveis capazes de gerar déficits circunstanciais precisam ser tratados como tal, isto é, como fruto das circunstâncias. Se os normativos atuais impõem que para a cobertura de um déficit, deve-se convocar trabalhadores participantes e empresas patrocinadoras para cobri-lo com contribuições extraordinárias, a sensatez sugere que se flexibilize a norma para não se precisar tratar como crise algo que não é. Por isso a Abrapp defende, fornecendo argumentos técnicos para isso, a flexibilização como medida de bom senso.
Contando com uma estrutura fiscalizatória que acompanha tudo de perto, ao mesmo tempo em que capazes de manter com os fundos um diálogo técnico apoiado em argumentos sustentáveis, o Conselho Nacional de Previdência Complementar – onde estão representados a sociedade civil e os ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão, além da Casa Civil da Presidência da República, da Superintendência Nacional de Previdência Complementar e da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar – concordou com alguns dos pleitos que a Abrapp e mais representantes de participantes, entre outros segmentos, lhes encaminharam. Outras solicitações permanecem em estudos, mas registre-se que nenhuma decisão é tomada sem análises marcadas pelo aprofundamento, com muitas simulações atuariais, contábeis e financeiras, tamanho é o compromisso existente.
Os dirigentes de fundos de pensão têm dado ao longo de décadas seguidos exemplos de qualificação. Existem números que atestam concretamente isso. Por exemplo, nos últimos 10 anos os fundos alcançaram um retorno de nada menos que 297%, contra um exigível atuarial de 202%. Especificamente em 2008, um ano globalmente dos mais difíceis, enquanto os fundos de países da OCDE (Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento) sofreram uma perda em torno de 20%, os brasileiros praticamente conseguiram ficar estáveis, uma vez que a rentabilidade foi negativa em apenas 1,6%.
Mesmo porque, num sistema orientado para o longo prazo, perdas propriamente podem não existir na prática. Trata-se muito mais de uma questão contábil, que não se reflete na realidade imediata.
A realidade que o Brasil vive é a de um sistema de fundos de pensão que paga regularmente todos os meses mais de R$ 2 bilhões em benefícios previdenciários complementares (cujos valores são corrigidos por índices que garantem a reposição da inflação) a perto de 700 mil participantes já assistidos. E isto sem esquecer do muito que contribui para a capitalização das empresas e de importantes projetos, dessa forma ajudando a gerar empregos e renda.
Vale lembrar ainda que, especialmente no caso de investidores de longo prazo como são os fundos de pensão, mais importante do que olhar os resultados de um ano ou outro, mesmo dois anos seguidos, é medir a gestão pelos números que apresenta em horizontes mais largos de tempo. Afinal, o que se perde contabilmente num momento, pode-se compensar futuramente. Algo que se traduz à perfeição pela expressão que prega a importância maior de se ver o filme inteiro e não apenas uma ou outra foto isoladamente.
Fazemos essas observações pelo muito que respeitamos o seu jornal e seus leitores, mais que merecedores da melhor informação, que é aquela sem viés que possa desequilibrá-la por torná-la parcial.
Ao mesmo tempo em que agradecemos, pedimos ao prezado jornalista que leve as nossas informações ao conhecimento de seus leitores”.
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Publicada em 09/07/2014 12:07:11